O neuroblastoma é um câncer pediátrico que afeta principalmente crianças menores de 5 anos. Ele pode ser considerado um câncer raro, se compararmos com alguns tipos de tumores em adultos. Entretanto, se considerarmos somente os tumores que afetam as crianças, o neuroblastoma corresponde a aproximadamente 10% do total dos casos e é responsável por 15% das mortes por câncer em todo mundo.
Tumores, de forma geral, se originam quando células do nosso corpo acumulam mutações em seu DNA. Toda vez que nossas células se dividem elas precisam abrir e duplicar segmentos do DNA, num processo muito bem regulado por um arsenal de enzimas capazes de reparar eventuais erros de duplicação. Caso os erros não sejam reparados, podem gerar alterações no DNA, que na sua maioria são chamadas de mutações. A relação entre esse processo com o câncer é que sucessivas mutações que vão se acumulando durante a vida, podem fazer com que a célula se transforme e comece a se multiplicar de maneira descontrolada, permitindo assim a formação de um tumor.
"Mas como poderia uma criança ter câncer se ela ainda não teve tempo para acumular essas mutações?"
Existem duas principais razões para isso acontecer:
A criança pode herdar alterações de seus pais, tendo, portanto, uma alta chance de desenvolver câncer desde sua fase embrionária.
A criança pode adquirir tais mutações durante sua fase embrionária ou no início de sua vida.
O próprio nome do neuroblastoma remete a sua origem embrionária, aonde o termo “neuro” se refere aos nervos do nosso sistema nervoso e o “blastoma” indica que se trata de um câncer originado de células imaturas ou em desenvolvimento.
No caso das crianças que desenvolvem a doença, as mutações afetam células conhecidas como neuroblastos e células precursoras de Schwann. Como já mencionado, tais células são embrionárias e, portanto, têm a função de formar novas células maduras, que serão ativas depois do nascimento e mesmo na vida adulta. No neuroblastoma, as células afetadas irão compor partes do Sistema Nervoso Simpático (SNS) e também parte da glândula adrenal. Até mesmo a localização desses órgãos coincide com os principais locais de incidência do NB, com o SNS se localizando ao longo de toda coluna vertebral e a glândula adrenal se localizando na cavidade abdominal, precisamente acima de cada rim.
Quando as células embrionárias não conseguem amadurecer por conta de mutações em partes essenciais de seu DNA, essas células começam a se multiplicar desenfreadamente, assim dando origem a doença que conhecemos como neuroblastoma. Normalmente o grau de amadurecimento dessas células está diretamente relacionado com o prognóstico da doença, com células mais maduras apresentando uma chance maior de cura (ou até mesmo regressão espontânea) e células com menor grau de amadurecimento estão relacionadas com um pior prognóstico para a doença.
"Por fim, é preciso sempre se lembrar que câncer é um diagnóstico e não uma sentença, novos tratamentos estão em desenvolvimento todos os dias e existem muitos médicos e hospitais no país extremamente capacitados para tratar a doença. Sempre consulte um médico antes de fazer quaisquer suposições sobre o desenvolvimento da doença e só realize tratamentos sob supervisão médica".
Autor: Ronaldo Figueira de Oliveira
Edição: Selene Elifio Esposito e Fernanda de Almeida Brehm Pinhatti
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