Por que ToxiCan?
Esse é o nome do nosso Grupo de Pesquisa: Laboratório para o Estudo de Toxinas Animais e Câncer, ou ToxiCan, pra facilitar. O nome já nos define um pouco, mas pra ficar mais claro, somos um grupo de pesquisa em Ciências da Saúde.
Já vou contar um pouco mais sobre o que fazemos, mas antes de mais nada, preciso dizer o quanto estamos felizes em ver esse projeto sair da gaveta. A ideia de nos mostrar mais e contribuir com a divulgação da pesquisa científica acadêmica já vem de longe, mas a rotina de pesquisador é puxada e assim, o plano foi ficando um pouco adormecido. Mas é fato, temos visto como é fundamental aproximar a academia da sociedade como um todo, promovendo esse intercâmbio cheio de riqueza de conhecimento formal, técnico ou mesmo intuitivo. Com o blog pretendemos aumentar o alcance da nossa voz e porque não dizer, também das nossas antenas, captando o que está acontecendo ao nosso redor.
Nosso foco é desenvolver pesquisa para estudar e descrever como algumas toxinas agem no organismo e qual seu potencial como medicamentos – ou seja “do veneno ao medicamento”, principalmente, mas não somente, para o câncer.
Os venenos dos animais são fascinantes e uma fonte riquíssima de compostos com muitas atividades biológicas. Basicamente um animal produz veneno pra se alimentar e/ou se defender. É sua arma química! E são armas das mais diversas. Algumas paralisam, outras digerem e destroem os tecidos e células da presa, outras ainda impedem a coagulação sanguínea, garantindo que o veneno continue circulando. A biologia por trás dessas interações já é bonita demais, mas a pesquisa científica vai além ao demonstrar que tais compostos podem ser usados como medicamento para diversas doenças. A ideia não é nova e já encontramos nas prateleiras das farmácias alguns remédios derivados de venenos.
Nossa trajetória como grupo de pesquisa em toxinas de serpentes nos aproximou do estudo do câncer quando demonstramos, há mais de 15 anos, que uma certa molécula derivada do veneno de jararacuçu tinha efeito tóxico sobre células tumorais. A partir desse momento, ao tentar entender esse fenômeno, vimos que as toxinas também poderiam ser usadas como ferramentas e nos ajudariam a descrever o comportamento das células tumorais. Pesquisa científica é assim, levantamos perguntas e as respostas nos conduzem a novas perguntas.
O câncer é uma doença complexa. Na verdade, deveria ser chamada de “cânceres”, uma vez que cada tipo tumoral pode ser visto como uma doença diferente. O que as une é a capacidade da célula tumoral continuar se multiplicando de forma descontrolada. A doença se estabelece quando células normais se transformam e param de respeitar os sinais do corpo. No pior dos casos, elas ainda se soltam do tecido de origem e passam a circular, se alojando em outros órgãos, comprometendo seu funcionamento e podendo levar o paciente a óbito. Essa progressão tumoral já está bem descrita em alguns tipos de tumores, mas ainda temos muito o que aprender sobre esse comportamento anormal.
Mas essas são informações bem gerais sobre nossos interesses. Esse universo de toxinas e câncer é imenso e ao longo das nossas postagens iremos mostrar que nosso grupo tem se concentrado em algumas toxinas específicas derivadas de serpentes e também da saliva de carrapato. Também no câncer, nossos projetos se concentram no câncer de mama e o neuroblastoma, um tumor sólido pediátrico. Desenvolvemos alguns projetos integrando esses dois grandes temas, mas em outros abordamos cada tema independente do outro.
O propósito do nosso blog é então contar sobre nossas descobertas e nossa rotina de trabalho, mostrando um pouco da realidade da pesquisa básica dentro de uma grande universidade brasileira. Estamos empolgados e esperamos poder interagir com outros pesquisadores e profissionais de saúde, e expandir nossa rede de colaborações, mas principalmente com interessados gerais nos nossos temas de estudo, assim como pacientes de câncer e suas famílias.
A equipe
Profª. Selene Elifio Esposito
Graduada em Ciências Biológicas (UnB, 1993), doutora em Ciências - Bioquímica (UFPR, 2001) e pesquisadora visitante no Lombardi Cancer Center, Universidade de Georgetown em Washington, DC, EUA (2015). É professora titular na PUCPR e Coordenadora do Laboratório para o estudo de toxinas e câncer (ToxiCan Lab), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da PUCPR.
Thatyanne Gradowski F. da C. Nascimento
Graduada em Biotecnologia (PUCPR, 2015), mestre em Ciências da Saúde (PUCPR, PPGCS,2018) e doutora em Ciências da Saúde (PUCPR, PPGCS). Em seu mestrado trabalhou na área de toxinas com ação antitumoral, investigando a indução de morte celular em células tumorais de Neuroblastoma (NB) através da saliva do carrapato A. sculptu. Em seu doutorado trabalhou com NB de alto risco e biologia de sistemas. Realizando uma pesquisa in silico através de redes moleculares na busca pela correlação entre vias de inflamação e aberrações cromossômicas do NB.
Fernanda de A. Brehm Pinhatti
Graduada em Ciências Biológicas (PUCPR-2014), doutora em Ciências da Saúde (PUCPR, PPGCS-2023), desenvolveu seu projeto Neuroblastoma correlacionando aspectos clínicos e biológicos com a expressão da proteína Survivina em dois centros hospitalares de Curitiba/PR.
Sheron Campos Cogo
Graduada em Ciências Biológicas (PUCPR, 2018) e doutora em Ciências da Saúde (PPGCS – PUCPR). Participou de projetos de pesquisa relacionados a toxinas animais com aplicações terapêuticas e projetos em bioengenharia. Em 2016, estagiou por 6 meses no laboratório de bioengenharia de tecidos da Colorado State University. Atualmente, estuda o potencial antitumoral da saliva do carrapato Amblyomma sculptum em linhagens tumorais de neuroblastoma, em projeto em parceria com o Instituto Butantan e Universidade da Borgonha, na França. Em 2020, finalizou seu doutorado sanduiche no laboratório de Lipídeos, Nutrição e Câncer da Universidade da Borgonha. Recentemente, atuou também na testagem de COVID-19 por RT-PCR no Instituto de Biologia Molecular do Paraná.
Talita Siemann Santos Pereira
Graduada em Medicina (UNISUL/SC 2012), Residência Médica Cirurgia Geral (HUOP/PR 2016), Residência Mastologia (UFRJ 2018), Mestre em Ciências da Saúde (PPGCS, PUCPR).
Daniel J. Scheliga
Graduado em Ciências Biológicas (PUCPR, 2018). Programa de Iniciação Científica (UFPR, 2017). Ao final do curso recebeu o Prêmio Marcelino Champagnat. Mestrando em Ciências da Saúde (PPGCS, PUCPR), com o projeto sobre a descrição da epidemiologia dos acidentes ofídicos no estado do Paraná.
Ronaldo Figueira de Oliveira
Graduado em Ciências Biológicas (PUCPR, 2021). Durante a graduação atuou como aluno de Iniciação Científica (PUCPR, ToxiCan) em projetos envolvendo a metodologia HET-CAM, aplicada no estudo de angiogênese tumoral. Além, de desenvolver projetos de estudo da angiogênese in vitro. Atualmente, mestrando em Ciências de Saúde (PPGCS, PUCPR), onde trabalha avaliando os efeitos das frações ativas da saliva do carrapato Amblyomma sculptum sobre células de neuroblastoma.
Mateus Eduardo de Oliveira Thomazini
Granduando em Biotecnologia (PUCPR) e aluno de Iniciação Científica (PUCPR, ToxiCan). Entre 2018 e 2021 participou dos projetos sobre o envolvimento da saliva bruta do carrapato Amblyomma sculptum com a morte celular induzida em células de Neuroblastoma (NB) e sobe a correlação da imunoexpressão de Survivina em amostras de NB com os dados clínicos de pacientes e fatores prognósticos da doença. Atualmente está envolvido no estudo da expressão dos genes BIRC5 e PRKN em células de NB submetidas à hipóxia in vitro.
Steffanni Sayala Andrade Marques
Graduanda em Biotecnologia (PUCPR). Também desenvolve projeto de mestrado através do programa PIBIC Master - Combined Degree, no Laboratório Toxican do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS, PUCPR). Desenvolvendo o projeto envolvendo a expressão do gene BIRC5 em hipóxia e seus efeitos em células de neuroblastoma.
Maria Eduarda da Silveira Costa
Graduanda em Ciências Biológicas (PUCPR). Atualmente realizando Iniciação Científica (PUCPR, ToxiCan), com o objetivo de determinar o cariótipo e o status do gene BIRC5 em células de linhagem de neuroblastoma.
Fernanda Rodrigues Kuhnen
Graduanda em Ciências Biológicas (PUCPR). Atualmente realizando Iniciação Científica (PUCPR, ToxiCan), com o objetivo de identificar e caracterizar o potencial da saliva bruta do carrapato Amblyomma dubitatum na indução da apoptose em células de linhagem de neuroblastoma.